Acordara naquela manhã com o vazio da saudade a lhe esmagar o peito. Era mais que sabido que ela era Menina de viver de coração aberto e de alma exposta. A verdade, a mais pura verdade, é nunca soube como não ser de outra maneira. Saiu de casa na esperança de que, ao menos, uns parcos raios de sol surgissem para lhe fazer companhia na corrida matinal. Não teve essa sorte, diga-se de passagem, mas ainda assim, vestiu-se com o seu melhor sorriso [como mais poderia ser se não assim?!].
Uma canção não lhe largava os pensamentos e, quase que em forma de oração, ela recitou em voz alta aqueles versos, numa tentativa de que o seu canto [passarinha que era] ecoasse universo a fora, levando um recado ou outro ao seu eleito. Naquela manhã, verdade seja dita, a saudade não lhe dava trégua. Lembrou-se inúmeras vezes do menino de “olhos de jabuticaba” e de como ele adoraria ouvi-la toda prosa a recitar versos.
***Quem bater primeiro à dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer
Aponta pra fé e rema
É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto os teus sinais
Pode ser da vida acostumar
Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar dedicou-se mais o acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?
Doce o mar, perdeu no meu cantar
Só eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar dedicou-se mais o acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?***
Fosse de um lado ou de outro, havia sempre um barburdo disfarçado de poeta a lhe roubar sorrisos. A Menina, por sua vez, aceitava a sua singela condição de musa sorria a cada verso que ouvia:”aponta pra fé e rema”. Sem nem por um segundo hesitar, deu seguimento a mais aquele dia. E em frente era sempre o caminho!
CAssis, a Menina Digital
***os versos que inspiraram a Menina hoje são de autoria do “barbudo” Marcelo Camelo, músico brasileiro dono de uma obra apaixonante. Em caso de dúvidas, ouça a canção! Quanto ao “outro” barbudo também fonte de inspiração… ah… já era saber demais! 🙂
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