– “Ser livre é estar preso por vontade própria!”, disse ele, repetidas vezes, como se tentasse convencer a si mesmo de que levava o seu destino em rédea curta.
Ouvir aquelas palavras, a fez pensar na vida, nas escolhas feitas até então. Teve medo. Sentiu-se perdida. Tinha feito planos, condicionado desejos. Mas teve de aceitar os sortilégios do seu destino: não dependia [apenas] dela definir as coisas. Cabia-lhe apenas condicionar os seus desejos. Tão somente os seus. Os desejos alheios residiam num deserto que não estava em seus domínios. Quis partir, abandonar-se à sorte. Desejou ficar. Quis ser livre. E quanto mais livre se sentia, mais presa estava.
[…]
Era como na velha canção: a Menina tinha por hábito andar pelo mundo prestando atenção em cores que nem sequer sabia o nome. “Cores de Almodóvar. Cores de Frida Kahlo. Cores!” Ainda não ia lá muito tempo desde que viu a sua vida mergulhada em tons de cinza.
– “Foi preciso! Para poder recolorir tudo com novas tintas, ao sabor do vento… Tive de me descolorir primeiro!”, disse em alto e bom som ao relembrar os dias menos vibrantes da sua fase monocromática.
E assim foi, toda faceira como era de costume, enchendo de cor as ruas por onde passava. “Cores de Almodóvar. Cores de Frida Khalo. Cores!
CAssis, a Menina Digital
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