Porto: sexta-feira, janeiro de 2014.
Mais um dia gélido de inverno surgira no horizonte. Mas naquela manhã, ao menos o sol apontara no céu logo cedo [tímido, é certo], só para fazê-la sorrir. Ela era mesmo assim: sorria ao som do estalar dos raios de sol ao tocar suavemente as maçãs do seu rosto. Gostava de imaginar esta cena até mesmo em dias de chuva.
E, com um quê de cigarra de contos infantis, a Menina de alma tupiniquim sobrevivia ao rigoroso inverno que fazia morada no Velho Continente. Era nestes dias menos coloridos, nos quais tímidos raios de sol eram o pouco que lhe sobrava de alegria, que duvidava das escolhas feitas até este ponta da sua jornada neste planeta. Ainda assim, impetuosa e faceira, como de costume, teimava em ser feliz.
Acordara naquele dia com um ranço esquisito na boca, como que se uma espécie de mazela houvesse se apoderado do seu corpo. Sintomas semelhantes a uma mistura aleatória de ressaca, gripe e crise de abstinência [de afetos]. Questionava a si mesma “quando foi que a vida tomou um rumo desconhecido e que o controle dos fa[c]tos deixou de estar nas próprias mãos”. Questionava-se por pura malandragem, pois a resposta àquilo tudo era tão óbvia que parecia um insulto ansiar por alguém que lhe respondesse o que quer que fosse. E de tão óbvia, desejou apenas ouvir naquela manhã AS PALAVRAS CERTAS.
Fez, então, mais uma caneca de chá [roibos, pimenta de cheiro, roseira brava e frutos silvestres]. E, sentada diante da TV, enquanto sorvia calmamente a sua infusão preferida [bem quente, por favor!], via o noticiário sem prestar muita atenção aos acontecimentos, porque era assim que lidava com os dias em que apenas pequenos gestos eram capazes de mudar cenários e melhorar coisas.
Queria colo, chá e palavras certas, nada menos que isto! O chá já tinha em mãos. Restava tão somente esperar que o destino lhe trouxesse os demais itens necessários para lhe acalmar o peito e sossegar a alma. E assim foi!
CAssis, a Menina Digital
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