Georgina Sobral, de 52 anos, tornou-se esta manhã na primeira paciente a nível mundial a beneficiar de uma nova técnica cirúrgica para operar o túnel cubital, situado ao nível da prega do cotovelo, numa intervenção realizada no Hospital de Santa Maria – Porto.
Dinis Carmo, o cirurgião-ortopedista autor desta técnica cirúrgica e inventor do conjunto de instrumentos que permitem a sua aplicação, explica as vantagens que a mesma comporta face às técnicas “clássicas” utilizadas para tratar a mesma patologia.
“O facto de ser uma cirurgia guiada, através de uma incisão de apenas 1 ou 2 cm, é uma clara mais-valia para o bem estar do paciente pois, desta forma, evitam-se as dores pós-operatórias resultantes de incisões de dimensões apreciáveis e acelera-se a sua recuperação. Para mais, o facto de se dispensar a utilização de equipamento sofisticado e, por isso, muito dispendioso, permite que esta técnica possa ser praticada em larga escala”, defende.
O cirurgião-ortopedista esclarece que a compressão nervosa do nervo cubital é uma patologia que afeta preferencialmente pessoas que passam muito tempo com o cotovelo fletido e a mão em extensão (a típica posição que o braço assume quando se fala ao telemóvel), com o cotovelo fletido e apoiado sobre uma superfície dura, como o tampo de uma secretária, ou pessoas que lidam, no seu dia-a-dia, com instrumentos vibratórios, como um martelo pneumático.
A compressão do nervo cubital – um dos dois nervos mais importantes para a função da mão – a nível do cotovelo afeta sobretudo a sensibilidade dos dedos mindinho e anelar (metade interna) bem como de pequenos músculos intrínsecos da mão, levando a uma perda da sensibilidade (anestesia parcial) e de destreza.
Refira-se que, inicialmente, a técnica cirúrgica desenvolvida por Dinis Carmo foi pensada para tratar o Síndrome do Túnel do Carpo (STC), uma patologia da mão que afeta cerca de 6 milhões de pessoas em todo o mundo, sobretudo senhoras a partir dos 35 anos de idade, carateriza-se por fortes dores, formigueiros e adormecimentos noturnos a nível do punho, mãos e dedos.
Atividades que implicam o uso repetitivo das mãos, como os teclados e os ‘ratos’ dos computadores têm vindo a ser implicadas pelo aumento do número de casos.
Após operar, com uma taxa de sucesso muito próxima dos 100%, mais de 180 pacientes portugueses ao STC, o cirurgião-ortopedista concluiu que, quer a técnica cirúrgica, quer os instrumentos cirúrgicos por si inventados, também se adaptam perfeitamente aos casos de compressão do nervo cubital.
“Efetivamente, embora se trate de uma neuropatia compressiva distinta, comprova-se agora que o seu tratamento é possível com recurso à mesma técnica e aos mesmos instrumentos cirúrgicos que já vinha a utilizar para tratar o STC. Aliás, a paciente operada esta manhã não só foi a primeira a beneficiar desta técnica cirúrgica para operar o túnel cubital, como creio que terá também sido a primeira a ser operada, em simultâneo, aos dois túneis cubitais e aos dois túneis cárpicos”, revela Dinis Carmo.
Os instrumentos cirúrgicos inventados por Dinis Carmo foram já alvo de um processo de patente apresentado junto do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), encontrando-se em fase pendente em todos os países da União Europeia, bem como no Brasil, Austrália, Canadá, Japão, China, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, México, Índia e Israel.
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