Os grandes fabricantes valem-se de todos os recursos disponíveis para tentar arranjar uma vantagem competitiva em relação aos seus rivais. Num episódio infeliz neste capítulo, a Samsung terá alegadamente criado um mecanismo que permite incrementar de forma artificial a performance do processador existente no Galaxy Note 3. O intuito terá sido enganar benchmarks de modo a ter uma melhor pontuação através de um aumento de no mínimo 20% de desempenho .
A comparação de perfomance/desempenho do Samsung Galaxy Note 3 em relação ao LG G2, (mesmo chipset) terá levantado dúvidas à comunidade. A razão é óbvia, ambos os equipamentos têm o mesmo chipset: um Qualcomm Snapdragom 800. Em qualquer dos casos o Chipset em causa (tal como outro smartphone) contêm duas unidades importantes, um processador de instruções (CPU) e um processador gráfico (GPU). Apesar das semelhanças, o que se verifica na execução das benchmarks existentes é que o Galaxy Note 3 tem uma pontuação mais elevada que o LG G2. Aliás a diferença entre os dois dispositivos é bastante significativa.
Intrigado com este cenário, o site Ars Technica, desenvolveu um conjunto de experiências, de modo a apurar quais eram as causas desta diferença. Através de uma ferramenta de monitorização de CPU e benchmarks personalizadas, o site descobriu que a Samsung introduziu mecanismos no Galaxy Note 3 de modo a detectar algumas benchmarks e activar todos os núcleos de CPU (quatro núcleos) e forçar a capacidade máxima de processamento de 2,26 GHz.
Este procedimento é enganador, porque promove um funcionamento artificial do chipset incluído no Galaxy Note 3. Isto porque em condições normais – na execução de uma qualquer aplicação (por exemplo o calendário), o Note 3 apenas precisa de um núcleo a funcionar a 300 MHZ estando os restantes três desactivados. Este método serve para reduzir o consumo de energia e aumentar a autonomia do dispositivo.
De modo a demonstrar que a Samsung estava a inflacionar de forma artificial as benchmarks, o Ars Technica, criou uma versão especial da Geekbench (uma das benchmarks visadas pela Samsung). Este procedimento permite por si só eludir mecanismos que permitam falsear os resultados de benchmarks. A detecção da presença de qualquer utilitário (como é o caso das benchmarks) depende normalmente do nome do pacote existente no ficheiro APK (o executável do Android).
Com a nova Benchmark exactamente igual (sem qualquer alteração interna), a benchmark renomeada revelou o comportamento referência esperado: os três núcleos do Galaxy Note 3 ficaram desligados enquanto o quarto funcionava a 300 MHz. Este modo de poupança de energia, é também conhecido como modo “idle”. Segundo este estudo a lista de Benchmarks que a Samsung terá alegadamente visado é extensa e inclui: GFXBench, Benchmark Pi, Linpack, Quadrant entre outras.
Numa segunda experiência a Ars Tecnhica utilizou a mesma ferramenta de monitorização e alterou as benchmarks de modo a forçar o CPU do Galaxy Note 3 a sair do modo “idle“. A execução da Geekbench nestas condições permitiu observar incrementos de 20% no desempenho, enquanto a execução da Linpack (também uma versão alterada) demonstrou uma diferença de 50%.
O site também conclui que sem o impulso artificial de desempenho, os valores de referência relativos à pontuação do Samsung Galaxy Note 3 são os mesmos que o LG G3 registou. Bem, para sermos mais precisos, existe uma diferença bastante mínima do desempenho do Galaxy Note 3 (como se pode ver no gráfico seguinte), contudo não tem nada a ver com o que as benchmarks sugeriam.
O site também descobriu um pormenor curioso no código-fonte do Galaxy Note 3 referente ao Kernel de Linux, que a Samsung lançou pouco depois de anunciar o modelo. A descoberta denucia a existência de um mecanismo de “ajuste na taxa de frames apresentadas no LCD”. Este mecanismo embora não tenha sido testado nas experiências, indicia a forte possibilidade que a Samsung também tenha manipulado de forma artificial o comportamento da unidade de GPU.
Embora não seja 100% claro o que está envolvido no processo de incremento de perfomance/desempenho, os resultados da análise parecem indiciar que a Samsung tem como alvo especifico as benchmarks. Contudo, este processo de enganar as benchmarks já não é novo. Já se desconfiava que a Samsung tinha feito o mesmo com o Galaxy S4. E antes disto, já há algum tempo na comunidade cientifica, houve estudos que demonstram que um dos problemas que pode descredibilizar o processo de benchmarking, pode ser a optimização de componentes de software ou hardware para estas ferramentas de avaliação.
E você, acha que a Samsung terá feito de propósito ou terá isto sido pura coincidência?
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