Era da janela do seu quarto que habitualmente dava início ao seu ritual quotidiano. E, enquanto penteava lentamente os seus cabelos, observava absorta o dia amanhecer aos bocadinhos. Inevitavelmente os pensamentos da menina tupiniquim viajaram mar a fora: recordara das palavras certeiras da sua velha mãe de que “depois da tempestade vem sempre a bonança”. Lembrou-se de que adormecera na noite anterior ao som dos tambores de Tupã [trovões incessantes!]. Sorriu ao ver o sol esgueirar-se diante dos seus olhos, desenhando contornos indefectíveis na sua adorada Invicta [Ó, Porto!] que, por si, já não tinha um defeito sequer a apontar.
– “Um dia lindo como este definitivamente merece um adorno especial!”, confidenciou a si mesma, enquanto cruzava um laço de fita no cabelo.
Desta feita, um generoso laço vermelho-carmim adornava as negras madeixas da menina índia, herança de sua avó materna: indefectível!
CAssis, a Menina Digital
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