Mais de 1 bilião de dólares concentrados numa moeda digital, conhecida como “bitcoin”, circulam na internet – uma quantia que excede o valor em stock das moedas em pequenos países como a Libéria (que usa “dólares liberianos”), Butão (que usa o “Ngultrum”), e 18 outros países. A desorientação dos mercados parece ser a principal causa de ascensão da moeda virtual.
A Bitcoin, a primeira moeda do mundo open source e totalmente virtual, atingiu um novo recorde quando no dia 28 deste mês viu o preço listado na maior bolsa online de troca desta moeda, ascender a um valor de $92. Isto significa que 1 bitcoin vale 92 dólares. Se considerarmos que estão em circulação 11 milhões de Bitcoins isso define o valor total da moeda pouco mais de um bilião de dólares.
Para que perceba a dimensão do mercado da Bitcoin, 1 bilião de dólares é quanto o Facebook gastou na sua aquisição do Instagram em Abril de 2012. Mas o mais extraordinário acerca da Bitcoin é que não é controlada por uma empresa. É uma moeda digital que funciona em uma rede peer-to-peer global sem o apoio de uma nação ou de qualquer outra autoridade central. A subida recente do seu valor tem relançado o debate e o interesse por parte dos economistas. Mas o que despoletou este interesse pela moeda Bitcoin?
Os acontecimentos recentes sugerem que muitas das pessoas que estão a adoptar o Bitcoin não confiam mais no nosso sistema bancário, que nos últimos anos registou algumas das maiores burlas da história. Grande parte do novo interesse em Bitcoin está a advir de países como Chipre, Espanha e Itália (por exemplo), onde as propostas de reforma económica da União Europeia (UE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) fazem pairar a incerteza nas economias de seus povos.
Vejamos o exemplo do que aconteceu em 19 de Março. O governo cipriota para conduzir a sua negociação que valeria um resgate 10.000 milhões de euros para poder pagar aos seus credores europeus decretou que os seus bancos encerrassem. Esta medida permitiu a Chipre considerar reformas económicas, que impõem, na prática um confisco sobre os depósitos bancários mais elevados. A situação económica levou a uma crise social e uma falta de confiança dos cipriotas no seu sistema bancário, derivado ao facto de se encontraram subitamente impedidos de ter acesso às suas contas de poupança. Este cenário de instabilidade, despertou o interesse dos residentes em Chipre na Bitcoin, justificado por um aumento na utilização de aplicativos de Bitcoin para o iPhone no país.
Naquele dia, os downloads da aplicação Bitcoin Gold, um aplicativo que controla a taxa de câmbio de Bitcoin, disparou de popularidade, passando do lugar 1171 que ocupava na secção de aplicações mais populares na área de finança para o lugar 104. O principio do Bitcoin baseia-se em permitir qualquer pessoa trocar seu dinheiro físico (dólares, reais, euros, etc…) em Bitcoins.
Devido a verem as suas contas congeladas, muitos cipriotas nessa altura foram incapazes de comprar Bitcoins na época. Mas o interesse na moeda dentro do país foi enorme e atingiu o pico em outros países também. A Espanha, que manteve um olhar atento sobre os desenvolvimentos em Chipre mostrou um aumento semelhante em 17 de Março e downloads nos EUA saltaram três dias depois. Este cenário sugere que quando as moedas do sistema bancário oscilam, a Bitcoin é vista como uma alternativa mais segura em detrimento de um modelo alternativo utópico de alguns tecnocratas.
Mas se Bitcoin está tomar os contornos de uma moeda própria, as pessoas terão que ser capaz de gastá-lo, bem como poupá-lo. E quanto à questão de gastar, a Bitcoin recebeu recentemente suporte da Reddit, Mega e WordPress, empresas que começaram a aceitar pagamentos em Bitcoins.
Desde então, as operações na rede Bitcoin aumentaram significativamente. Para se ter uma ideia em 2012, antes do seu valor começar a subir, a moeda esteve em transacções diárias que representam qualquer coisa como 200 000 Bitcoins. Actualmente esse número subiu para 300 000, o que sugere que mais pessoas estão a usar a moeda para fazer compras online.
O futuro da economia e em especial do sistema bancário promete não ser o mesmo que antes. Mas independente do futuro nos reserva nos mercados, a Bitcoin pelas oportunidades que oferece fará parte dele. Via Spectrum IEEE
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