A Canonical segue as pisadas da Apple, Google e Microsoft e entra no mercado competitivo dos dispositivos móveis ao anunciar o Ubuntu para Smartphones. Conheça de seguida com mais detalhe o novo sistema operativo móvel baseado em Linux.
Um ecrã inicial sem função de bloqueio
Ao contrário do Android e do iOS, o Ubuntu não tem ecrã de bloqueio. Por omissão, o utilizador vê uma representação de um circulo. Este circulo em constante movimento, permite-lhe visualizar genéricamente a sua actividade de entre as quais o número de tweets, notificações do facebook, chamadas e mensagens instantâneas de pessoas na sua linha de contactos. Basicamente toda a sua vida está resumida nesta roda da vida em constante actualização. Mas… como partir daqui e navegar no ubuntu para smartphones?
Navegação à base de gestos.
A navegação do Ubuntu para smartphones é baseada em gestos. Raramente irá ver algum botão a ocupar espaço desnecessário. A Canonical, reconhece que um dos principais problemas nos ecrãs dos smartphones é o seu espaço bastante limitado, quando comparado com o de um monitor ou de um computador desktop, portátil ou mesmo um tablet. Este é o mote que justifica que a Canonical tenha decidido eliminar o máximo de elementos gráficos do ecrã para dar lugar a um espaço maior de visualização. Por essa razão obriga a uma abordagem diferente a como se navega num smartphone. Neste caso a autora do Ubuntu optou por tratar a tela do smartphone como um rectângulo sem elementos supérfluos onde a navegação é realizada com base na interacção com as arestas desse rectângulo (neste caso a tela).
Isto significa que se posicionar o dedo na aresta do lado esquerdo e o deslizar ligeiramente para o lado direito terá acesso ao lançador para acesso rápido das aplicações mais usadas pelo utilizador. Já viu este lançador em algum lado não viu? Sim, o conceito está presente na interface Unity do Ubuntu. Esta analogia é propositada. Como Mark Shuttleworth o fundador da Canonical explicou, a ideia é ter os mesmos elementos de interface com o utilizador quer seja na sua televisão, computador pessoal, ou telefone. Por essa razão a analogia do lançador é adaptada de forma brilhante para o novo paradigma móvel.
Mas e se quiser aceder a aplicações que não estão no lançador? Então no mesmo é incluído um botão com o símbolo do ubuntu que o irá levar para a lista de todas as aplicações (representada na imagem anterior do lado direito). Mais uma vez este conceito é derivada do menu principal do ubuntu onde pode aceder a todas as aplicações. Por essa razão, a familiarização com o novo sistema será imediata para quem já experimentou o ubuntu no PC, mas suficiente intuitiva para novos utilizadores que nunca testaram a popular distribuição de Linux.
Mas o que acontece se deslizar o seu dedo da aresta superior da tela no Ubuntu para smartphones? Bem, o mesmo que acontece com o Android, pode ter acesso a uma “drop-down” de notificações de novas mensagens num formato universal (inclui tweets, chamadas não atendidas, actualizações do facebook). A Canonical inclui ainda um modo de configuração rápida de definições comuns como wifi, bluetooth ou 3G, atraves do deslizar do devido icon da barra de notificações do ubuntu.
Mas, como se trata de uma interface sem botões, como é que o utilizador navega entre as várias aplicações abertas? Chegamos à razão da aresta do lado direito existir. Posicionando o dedo na área do lado direito e arrastando em direcção ao lado esquerdo, poderá visualizar as várias aplicações/processos a passar sequencialmente pelos seus olhos, como se tivesse a visualizar várias cartas uma a uma de um baralho.
Esta funcionalidade é reminiscente do legado deixado pela versão do Meego desenvolvida para o Nokia N9. Aliás este sistema operativo foi talvez o primeiro a utilizar estes conceitos, merecendo elogios da imprensa da especialidade e contribuiu de uma forma decisiva para darmos uma nota elevada ao Nokia N9 na nossa análise.
Finalmente se deslizar o dedo da aresta inferior do ecrã para cima revela opções de configuração específicas para cada aplicação. Curiosamente esta funcionalidade é muito parecida com a equivalente do botão do menu existente para smartphones antigos com o Android. Salientamos que a partir da versão 3.0 do Android, a Google removeu a necessidade de existir uma tecla dedicada para esta tarefa. Mas este conceito faz plenamente sentido ser recuperado na forma como a Canonical estruturou o seu novo sistema operativo.
Pesquisa Universal
Com o Ubuntu para smartphone, pode tirar partido das mais modernas tecnologias de text-to-speech, e utilizar comandos de voz para fazer pesquisas (semelhante a Google Voice / Now). Quanto ao âmbito das pesquisas é global. Pode pesquisar algo dentro de uma aplicação que esteja a executar, pesquisar na internet, ou pesquisar localmente no seu disco por um ficheiro de música que queira ouvir.
Pode ainda pesquisar filmes, músicas e mesmo ebooks, disponíveis online. As capacidades de pesquisa são imensas e estão ao alcance dos seus dedos ou da sua voz. Esta funcionalidade é basicamente uma evolução do que existe na “Dash” (menu) lançada quando clica no logotipo do Ubuntu no lançador do seu Ubuntu para PC.
O seu smartphone e PC num único dispositivo.
O novo Ubuntu para smartphone, embora utilize uma infraestrutura desenvolvida pela Canonical, será inteiramente compatível com os drivers e os kernels utilizados no Android. Isto significa que o projecto Android para Ubuntu terá um novo significado para existir.
Isto significa que qualquer utilizador de um smartphone com o Ubuntu instalado, caso tenha uma dock (ou estação de acoplamento) poderá ter acesso num monitor externo à versão integral do Ubuntu para PC. Trata-se de um projecto largamente baseado no sistema desenvolvido Webtop pela Motorola que curiosamente foi descontinuado.
Ecossistema variado de Aplicações
Como o Ubuntu está a entrar relativamente tarde neste mercado será que consegue atrair programadores de outras plataformas? Bem, caso esses programadores tenham desenvolvido aplicações baseadas em HTML5 para iOS ou Android, será mais fácil fazê-lo para o Ubuntu, porque esse suporte é integrado no novo sistema operativo. O Ubuntu vai mais longe permitindo que essas aplicações interajam com as notificações do sistema, algo que é claramente um ponto a favor do Ubuntu sobre os seus rivais. Por exemplo, será possível receber notificações nativas dos seus amigos caso utilize a versão html5 do Facebook.
Mas claro está que o Ubuntu também irá suportar aplicações nativas utilizando um development kit disponibilizado na altura de lançamento do Ubuntu 12.10. Isto significa que os programadores poderão programar utilizando um ambiente de desenvolvimento baseado em QML, na linguagem C/C++ complementada com javascript. Esta infraestrutura também poderá tirar partido de aceleração gráfica por hardware via OpenGL, o que significa que não só poderá ter aplicações com transições suaves, bonitas mas com uma performance elevada.
Disponibilidade prevista para o Ubuntu
Mark Shuttleworth referiu que o novo Ubuntu estará disponível em novos dispositivos entre o final do ano de 2013 e o início de 2014. Contudo, entretanto a Canonical irá disponibilizar uma nova ROM com o sistema operativo para todos os entusiastas que possuam o Samsung Galaxy Nexus. Para todos os outros dispositivos a ideia será que progressivamente a comunidade ajude a criar roms compatíveis.
No fundo a Canonical pretende usar o mesmo ambiente de desenvolvimento de roms e a mesma cultura de “hacking” que tem caracterizado o Android. Teremos que ver se irá conseguir atrair o mínimo de programadores interessados em trabalhar com a plataforma. Caso isso aconteça, podemos ter a certeza que o sucesso do Ubuntu nos Smartphones será benéfico para o consumidor final, já que parece recuperar alguns conceitos inovadores que julgávamos terem se perdido no Nokia N9.
Está ainda curioso por mais detalhes? Então tire cerca de 20 minutos do seu tempo e assista de seguida à apresentação completa do Ubuntu para Smartphones protagonizada pelo próprio Mark Shuttleworth
Comentários