O Raspberry Pi tem-se caracterizado desde a sua concepção, como o campeão da flexibilidade atraindo desde entusiastas de “modding” em hardware até cientistas que trabalham na área de investigação. A equipa responsável do projecto, anunciou uma nova funcionalidade que irá fazer as delícias dos fãs de overclocking.
A equipa do Raspberry Pi anunciou a disponibilidade de uma funcionalidade designada como modo “Turbo”. Para o leitor perceber de onde vem a ideia justifica-se uma breve contextualização cronológica. O modo turbo é inspirado da mesma funcionalidade que há muitos anos era standard nos computadores de secretária com processadores Intel 386 e 486.
Nestes equipamentos o modo turbo, que estava por definição ligado, permitia que o processador fosse executado com a sua frequência de relógio à velocidade máxima. Apenas quando o utilizador queria executar alguns jogos ou outro software mais antigo que não aguentavam a velocidade máxima do processador, é que o utilizador normalmente desligava o modo Turbo (para evitar incompatibilidade). Ao desligar o modo turbo no fundo o utilizador estava a alterar/descer frequência do processador.
Regressando aos tempos actuais e ao tópico, em bom rigor a implementação do modo Turbo no Raspberry Pi até é invertida. Isto é, por omissão o Raspberry executa o seu processador a um modo normal que faz com que o processador atinja uma frequência máxima de 700 Mhz. Quando o novo modo Turbo entra em acção, é realizado um overclock automático ao processador. Um overclock, traduz-se na configuração avançada de parâmetros com o intuito de fazer subir a frequência de relógio acima dos parâmetros aconselhados de fábrica para um processador. Mas, se este modo ultrapassa os parâmetros de fábrica não poderá também danificar o processador do Raspberry Pi?
Não, a equipa por detrás do Raspberry Pi explica que o modo turbo apenas é iniciado quando é detectada uma actividade grande do processador BCM2835 incluído na placa. O eventual sobreaquecimento provocado pela subida de frequência do modo turbo é ainda limitado devido ao processador ser monitorizado através de sensores e ser barrado de poder atingir temperaturas superiores a 85º Centígrados. Os autores do Raspberry Pi estão tão confiantes com a estabilidade deste modo que anunciaram que é completamente suportado. Isto significa que não irá perder a garantia se o utilizar em produção.
Mas no final qual é o ganho que se consegue com este modo activo? Segundo os autores do projecto, o Raspberry Pi no modo de 1Ghz, regista ganhos na ordem de 52% em operações de inteiros, 64% em operações de virgula flutuante e 55% em velocidades de transferência de e para a memória. Uma nota para os mais “curiosos”, a função de overclocking (turbo) é conseguida por intermédio de software, neste caso através do driver cpufreq incluído no kernel de Linux.
Como configurar um modo de overclocking pode não ser uma ciência exacta, e cada processador acaba por ser único na capacidade de processamento, os autores do Raspberry Pi recomendam que execute o jogo Quake III para stressar os vários aspectos da sua placa e procurar um comportamento instável. Se correr este teste sem problemas, a equipa assegura que poderá utilizar o modo turbo em outras aplicações.
O modo turbo, bem como outras optimizações e correcções de bugs presentes na nova imagem de Linux estarão disponíveis nas unidades do Raspberry Pi a serem encomendadas a partir de agora. No caso de já possuir uma destas placas, poderá tirar partido destas melhorias actualizando-a para a versão 2012-09-18-wheezy ou superior da imagem oficial de Linux do Raspberry Pi. Para mais informações de como proceder à actualização da imagem que tem instalada consulte o link presente aqui. Via Raspberry Pi
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