Do produto para o serviço
Actualmente fala-se cada vez mais em termos a nossa informação armazenada na “Nuvem”. É um termo muito na moda para designar algo que na realizade pode não ser totalmente novo. Antes de mais, temos que começar por perceber o que significa o conceito de Computação em Nuvem ou Cloud Computing.
Em termos práticos, este conceito já existe há vários anos pois baseia-se na ideia da partilha de recursos entre diversos dispositivos, no sentido de apresentarmos uma solução unificada, sem aparente fragmentação. Era este o conceito utilizado nas Grids de Computação Paralela ou mesmo nos velhinhos terminais “burros” que ficavam ligados aos servidores centrais.
O conceito de Computação em Nuvem teve um elevado crescimento nos últimos anos, muito devido ao facto de as grandes empresas pretenderem encontrar uma forma de optimizar os recursos que até então utilizavam e que eram normalmente sobredimensionados, de forma a fazer frente a grandes variações na utilização das plataformas. Um dos principais exemplos desta situação é a Amazon, que construiu uma plataforma capaz de responder aos picos da época natalícia, mas ao mesmo tempo com capacidade de rentabilização nos restantes períodos.
Mudança de mentalidade
A ideia principal é alterar um pouco a mentalidade actual que está focada na compra de um produto, quando nos referimos à tecnologia, para passarmos a falar de tudo como se de um serviço se tratasse. Deixamos de estar preocupados com o “ferro” dos nossos equipamentos informáticos ou com o software que utilizamos e que rapidamente fica desactualizado obrigando a actualizações dispendiosas. Acaba o problema comum de sobrevalorizarmos as nossas necessidades, que nos leva normalmente à compra de sistemas com capacidades largamente superiores às que na realidade necessitamos, não sendo mais tarde possível, “devolver” apenas essas funcionalidades ou características.
Com a Computação em Nuvem, passarmos para a ideia de que tudo é um serviço pelo que, por um valor mensal, temos acesso a todos os recursos de que realmente necessitamos, podendo aumentá-los ou diminuí-los à medida das nossas necessidades. Têm neste momento vingado inúmeras soluções de “Software as a Service” ou mesmo “Platform as a Service”, nos mais variados mercados, sendo certamente os mais conhecidos, os serviços oferecidos pela Google, que de momento são tendencialmente gratuitos.
Oferecer serviços com custos pequenos
Desta forma, a Nuvem passou a ser um local genérico onde todos podem oferecer os seus serviços ou produtos, com custos totalmente inferiores aos que até então eram necessários, pois deixa de ser obrigatório investir em grandes equipamentos para competir quase de igual para igual com os gigantes da industria.
O crescimento da Internet por outro lado, com velocidades de acesso cada vez mais elevadas e disponiveis em qualquer lugar, consegiu tornar todos os recursos ligados à Internet acessíveis à distância de um simples click, tornando a utilização dos diversos serviços extremamente simples e rápida.
Paralelamente, este conceito não poderia vingar se não fossem criadas ferramentas que facilitassem o uso destas plataformas por qualquer utilizador, sem que os mesmos tenham a necessidade de ter muitos conhecimentos técnicos. Não é preciso ser engenheiro Informático para poder tirar partido de um serviço de e-mail na Nuvem, para armazenarmos as nossas fotografias ou outros documentos em sistemas baseados na Cloud, ou simplesmente para acedermos a plataformas de entretenimento que nos permitam ver filmes ou jogar um jogo totalmente online.
Com a evolução da Internet, passou a ser possível disponibilizar recursos num continente e os mesmos serem utilizados noutro totalmente diferente. A Computação em Nuvem consegue assim ser algo perfeitamente abstracto para a maioria dos utilizadores, que não precisam de saber onde anda a sua informação, podendo a mesma estar no computador ao nosso lado ou do outro lado do planeta.
O tipo de serviços que podemos encontrar na Nuvem é totalmente diversificado, podendo passar pelos já falados sistemas de e-mail como por exemplo o Gmail, os sistemas de partilha de fotos como o Flickr, ou videos como o Youtube, os sistemas de partilha de ficheiros entre os nossos diversos dispositivos como o Dropbox, os sistemas completos de gestão de informação como o Google Docs, ao software antivírus com soluções mistas PC+Nuvem como as soluções mais recentes da Kaspersky.
Não existe desta forma uma única definição do termo “Computação em Nuvem”, uma vez que o conceito ainda se encontra em total evolução, apresentando para já uma forma extremamente genérica. No entanto, a principal ideia é a da existência de uma plataforma global de serviços, disponível a qualquer pessoa, sendo a única preocupação dos utilizadores a selecção da ferramenta a utilizar entre um volume gigantesco de ferramentas disponíveis.
Paulo Cardoso
Ciberconceito
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