A Islândia deu mais um passo no aprofundamento da democracia ao apelar aos seus cidadãos para contribuírem para o novo texto constitucional a partir das redes sociais. A experiência está a ter grande aceitação e é vista como um exemplo para o mundo.
Duramente atingida pela crise financeira, a Islândia foi à bancarrota em 2008 e desde então está a preparar as ferramentas para que não mais volte a passar pelo mesmo. O primeiro-ministro da altura pode vir a sentar-se no banco dos réus e os islandeses fizeram um referendo e disseram não à indemnização dos investidores estrangeiros lesados pela falência de um banco. Mas a mais importante ferramenta com que se estão a dotar é uma nova Constituição.
O novo texto é redigido por um Conselho Constitucional de 25 cidadãos democraticamente eleito. Mas este conselho resolveu não fazer tudo sozinho e apelou aos cidadãos para participarem na elaboração da nova Constituião. Assim, qualquer um dos cerca de 320 mil islandeses pode fazer propostas. Para tal, basta que tenha acesso à internet. Foram criadas contas no Facebook e no Twitter onde cada um pode colocar as sugestões que pretender e participar no debate, sendo ainda possível assistir às discussões do conselho ao vivo, através de streaming no Facebook. Os comentários na página do Facebook são moderados, para evitar propostas e comentários tolos, como um que dizia “menos vulcões”.
“Acredito que esta é a primeira vez que uma Constituição está sendo elaboradobasicamente na internet”, disse Thorvaldur Gylfason, membro do Conselho Constitucional da Islândia ao jornal The Guardian. “O público vê a constituição nascer diante de seus olhos … Isto é muito diferente dos tempos antigos, onde os autores da Constituição, por vezes, achavam melhor se encontrar um local remoto, fora da vista e sem contato”.
A experiência está a ser seguida com muito interesse em todo o mundo, com os internautas dos outros países a colocarem comentários na página do Facebook sobre a Constituição da Islândia. E todos são unânimes: a experiência islandesa é um exemplo para o mundo.
A Islândia é uma ilha no Oceano Atlântico Norte, tendo feito parte da Dinamarca até 1918, ano em que firmou um Ato de União com aquele país. Tornou-se totalmente independente e uma república em 1944, no final da 2ª Guerra Mundial. Antes da crise financeira lhe bater à porta era um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, tendo sido considerado em 2007 pelas Nações Unidas como o país com o maior índice de desenvolvimento do mundo e o quarto com maior Produto Interno Bruto per capita.
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